O gosto pelas entrevistas/inquéritos não é novo em mim e desta vez resolvi colocar seis perguntas iguais a alguns escritores. São assim perguntas genéricas que, como me respondeu um dos entrevistados/inquiridos, são afinal a mesma pergunta ou, pelo menos, várias faces da mesma pergunta, que talvez seja "Como se faz um escritor?".
Mais do que as diferenças, procuro as semelhanças; mais do que aquilo que os separa procuro o que os une. É um caminho que ainda agora comecei a trilhar e que não sei onde me levará.
Numa primeira fase enviei essas mesmas perguntas a meia-dúzia de amigos e dei-lhes um prazo que ainda não acabou. O Luís Nunes Alberto Nunes foi o primeiro a responder e decidi desde já publicar as suas respostas.
Se alguém quiser responder às perguntas e enviar-me as respostas, muito agradeço. Numa segunda fase eu mesmo as enviarei a mais escritores.
Luís Ene
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SEIS PERGUNTAS RESPONDIDAS POR LUÍS NUNES ALBERTO
- Quanto começaste a interessar-te pela literatura, a ler e
a escrever? Como se desenvolveu essa relação ao longo dos anos?
A minha descoberta da literatura foi a minha descoberta do
mundo porque aprendi o francês a ler livros e portanto foi uma aprendizagem
conjunta, simultânea.
Comecei também nessa altura a escrever num pequeno jornal
que fazíamos na escola primaria em 1965.
Fui eu que fiz a linogravura da capa e no interior tinha um
ou dois textos meus.
Ao longo dos anos houve períodos longos de total vazio e
alguns de escrita intensa sem nenhum
significado particular.
- Quando decidiste que eras ou querias ser escritor?
Nunca decidi, não sou escritor.
Sou essencialmente um pensador e por vezes escrevo os meus
pensamentos para que se não percam completamente.
- O que te atrai na escrita literária?
A possibilidade de fazer passar para o mundo alguns dos meus
pensamentos.
- Que referências literárias, autores e livros, te ocorrem?
O primeiro livro que li, Ivanohe de Walter Scott. Jules
Verne, Dostoievski, Victor Hugo, Henri Miller, Jacques Prevert, Fernando
Pessoa, Herbert Heinlein, Luisa
Monteiro, Saramago, Lidia Jorge,
- O que esperas e/ou não esperas da literatura?
Não espero nada da literatura. Sei que ela vai continuar a
construir o mundo para nós e sobretudo para as gerações vindouras. Penso que é
particularmente inútil emitir qualquer opinião sobre os modos como essa construção
se está a fazer.
A consolação consiste na satisfação da aprendizagem
continua, mesmo que negativa por vezes, quer pela leitura quer pela escrita.
Já me tinha esquecido, foi interessante reler-me. Obrigado!
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